Em Lauro Müller, a história do rádio teve seu início em março de 1946, quando Aldo Speck, com conhecimentos sobre o assunto, resolveu, com o auxilio de seu irmão Adalberto, Abady Rufíno de Souza, Dr. Cotrin e Benjamim Barreto, instalar uma estação de rádio. Funcionou normalmente com alto falante instalado sobre um poste de madeira no local onde hoje reside o senhor Alexandre Doneda. Na clandestinidade funcionou cerca de três anos como Rádio Clube de Lauro Muller. Em 1949 uma equipe formada pelo Dr. José de Lerner Rodrigues, Monsenhor Bernardo Peters, João Correia Bittencourt, Benjamin Barreto, Aldo Speck, Walter Holthausen e Adalberto Speck, constituíram uma sociedade e fundaram a Rádio Sociedade Cruz de Malta Ltda, oriunda da Rádio Clube de Lauro Muller. O primeiro estúdio foi instalado em uma casinha de 3x4m (foto), local onde atualmente funciona a agência do INSS.
Durante mais de meio século de atividade, vários locutores ocuparam os microfones, entre eles: Abady Rufíno de Souza, Marlene Souza, Benjamim Barreto, Walmor Jung, Rogê Carryl, Ailton Fernandes, Pedro Barcelos, o casal João e Dulce Claudino Soares, Maria Helena Bittencourt, Argemiro Raulino Mendes, Pedro Raimundo, Aires de Medeiros, Valmir Luiz, Gedy Jung, Luiz Belmiro, Juarez Rufino Rabelo, Walter Filho, Pedro Lopes, Antônio Querino Filho, Aríete Ruzza, Alcimar Jung, Ari Girardi, Antonio da Luz, Pedro Paulo Luciano (Caixinha), José Luiz Mello, Pedro Paulo Miranda, Rubens Rufino Rabelo.
Porém não só de bons locutores se faz uma rádio. É necessário que os aparatos técnicos e tecnológicos garantam a manutenção da emissora no ar. Isso foi possível graças ao trabalho do Sr. João Rufino Rabelo, cuja história de vida se confunde com a história da Cruz de Malta.
Naquela época a potência era de 100 watts, com uma torre de 110 metros, localizada no bairro Arizona. Atingia os municípios da região e chegava até o Rio Grande do Sul, onde muitos mineiros que foram trabalhar na Usina de Canastra conseguiam captar o sinal em função da altura da torre e da inexistência de outras emissoras. A rádio não possuía telefone, nem gravador, o contato com os ouvintes era através de correspondências e os comerciais eram todos ao vivo. O horário de funcionamento era das 6 às 12h:30min, com um intervalo, e recomeçava as 14 até às 22 horas. O controle da satisfação dos ouvintes era feito através do número de cartas recebidas e de visitas no estúdio. Nos fins de semana o locutor João Claudino Soares, comandava o programa “Dedicatórias”, inspirado num similar da Rádio Farroupilha, de Porto Alegre, onde o ouvinte pagava para homenagear alguém.
O programa “Domingo Alegre” foi criado e apresentado por Valmor Jung, conhecido até hoje como Compadre Manduca, que tinha o patrocínio da empresa “Massas Familiar”. Era um programa de auditório com trovadores e duplas sertanejas da região. Havia cobrança de ingresso, mesmo assim o auditório ficava lotado.
Através do Monsenhor Bernardo Petters foi realizada uma campanha com o nome “Microfone de Deus” para aquisição de cotas da emissora. A população contribuía e aos domingos o Monsenhor agradecia na missa. Foi um sucesso, conseguiram comprar 45% delas.
A partir de 1975 alguns equipamentos começaram a facilitar o trabalho dos locutores com a aquisição de um telefone e um gravador para as reportagens externas. Na época havia dois programas de destaque, um no período da manhã, “Na Serra do Rio do Rastro” e outro no período da tarde “Programa Lá na Fazenda”, ambos realizados pelo locutor Juarez Rabelo, popular Cherem. Eram programas sertanejos com músicas de Teixeirinha, Tonico e Tinoco, José Mendes, entre outros. Também se sagrou campeão de audiência nos programas sertanejos o “Seu Miro”, tornando-se conhecido como “Nho Chico”.